Três horas da tarde. Eh Rio de janeiro bonito da gota. Mas visto daqui de onde vejo todo dia, o Rio é bonito, mas péra lá mermão, tem gente feia pra cacete. É central do Brasil. Acabo de ser espezinhada pelo mendigo no Campo do Santana. Mendigo é tudo revoltado, não aceita não como resposta. E porra, só tenho um cigarro, vou dar? Vou nada. A vida é dura meu filho, e você já devia saber disso. Mal sabia o que me esperava.
Chegamos na central, eu mais Camila, e essa não perde um trem, enquanto eu perco todos, ela nenhum. Fala feito uma gralha descompassada. Tenho por ela um carinho imenso, mas sofre de um mal terrível a coitadinha, chatisse. E quanta chateação ela sabe causar e bem sabe disso. Mas depois de lembrar o mendigo da condição dele, ninguém poderia deixar de me lembrar qual era a minha. Enfim anunciou a plataforma do bendito Santa Cruz. Num mulão só, veio aquele povo feio, manco, com as perebas de fora, e tudo na mesma direção.
- Ah se ferrou! Vai ter que voltaaaar!
Parei de correr arrasada, como quem perde lugar no colégio, pra piolhenta da turma.
Mas Camila se adiantou é claro, aquela ali, não passa aperto, e acenava pra mim na porta do último vagão.