Essa historinha começa como tantas outras, com uma simples apaixonite por um professor de história, coisa pouca, ninguém achava que ia longe.Ela tinha seus dezesseis aninhos e deslumbrada por aquele cabeludo de um metro e meio de cabeça emperrada(O homem não sabia o que era pescoço.Ou melhor, não sabe, por que ainda é vivo).Mas cada dia que passava aquela paixonite virava uma fissura, até o dia em que ela conheceu uma outra apaixonada por ele.Eram da mesma turma, aí udeu mesmo, por que a outra era louca de pedra, vasculhava a vida do pobre homem, tudo na surdina.
Esse encontro não poderia dar certo e de fato não deu.Foi explosivo.As duas se lançaram numa jornada insana, descobriram tudo.Telefone, endereço, orkut e o caramba a quatro do dito cujo.Agora me digam, vocês acham que tanta informação era pra que?Ficar num caderninho jogadas, assim infrutíferas.Lógico que não, tolinhos.As duas cismaram de conhecer a casa dele, e chegando lá conheceram até a avó, uma portuguesa, que disse que ele estava a trabalhar.Nas aulas a participação era praticamente só delas.E o salafrário podia ser o que for, mas tinha carisma, até eu simpatizava muito com ele.Claro sem extravagância.Ele era o típico professor de cursinho, estrelinha toda vida.Um contador de história nato.
É Dom Henrique, foi levando no banho-maria durante dois anos, aí deu o bote.Era fim de ano, as férias se aproximavam e as duas estavam sempre juntas nas suas jornadas empreendedoras.Lugares que poderiam encontrá-lo, pessoas que poderiam conhecê-lo.Enfim, naquela euforia, quem já passou sabe como é essa aflição.Sumiram por uns tempos e depois minha amiga me telefona contando que tinha viajado com o Infante.Pra mim era tudo mentira, mas ouvi com atenção.Afinal, mesmo se fosse, ela teve muito trabalho pra montar tudo aquilo, valia a pena escutar.Pois não foi que as duas viajaram com o professor, e mais uns amigos dele.Um de nome muito engraçado, meio leguminoso.Mas por razões éticas, ainda tenho um pouco, não vou expô-lo.Viveram uma semana de intenso amor.Coisa mais linda é o amor só pelo amor.Sem cobranças aparentes.E foi assim.Tudo aconteceu num piscar de olhos pra elas, pra mim nem num piscar de olhos.
Chegou janeiro, o cabeludo cheio história some, não liga, nem atende, muito menos aparece.Filho de uma égua com a pata quebrada.As meninas já loucas se entregaram a uma loucura maior, cada uma à sua maneira.Minha amiga amava tanto que só queria saber se ele estava bem, a outra não aceitava perder, e ainda entrou numa paranóia de que podia estar perdendo ele pra ela.Fazia constantes telefonemas só pra sondar a minha amiga, que mal podia ouvir o nome dele.Mas noticia ruim não precisa procurar, vem a galope.
E o sem vergonha enfim ligou pra dizer que estava namorando uma menina de quinze anos, do segundo ano do nosso colégio.Ah! Perderam pra uma mulher mais nova (rs).Começavam as apunhaladas finais, arrasadas voltamos para nosso último e trágico terceiro ano.Nosso ano foi de correria, éramos seis meninas, e dávamos cobertura para as duas.Lá vinha o infante, Dom Henrique com sua namoradinha, feliz e cantarolando, sorrindo e acenando no pátio.E nós íamos tirá-las dali, uma verdadeira comoção pra não deixá-las ver ou ver o mínimo possível.
Quantos recreios chorosos, correrias, disse me disse e ele nem aí.No fim do ano eu ia voltando pra casa e lá estava seu carro estacionado, o mesmo que levou minhas amigas loucas por ele, pra um sonho de uma semana e pesadelo de um ano ou mais.Por que uma arrumou um namorado com o mesmo nome dele, surtou, e a outra nunca mais foi a mesma de antes. Ele que diga que não sabia, que eu vôo no pescoço dele.Esqueci, não tem pescoço.Mas digamos que o carro dele sofreu represálias, quem mandou bancar o bacana?