segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Dom Henrique, o infante.

Essa historinha começa como tantas outras, com uma simples apaixonite por um professor de história, coisa pouca, ninguém achava que ia longe.Ela tinha seus dezesseis aninhos e deslumbrada por aquele cabeludo de um metro e meio de cabeça emperrada(O homem não sabia o que era pescoço.Ou melhor, não sabe, por que ainda é vivo).Mas cada dia que passava aquela paixonite virava uma fissura, até o dia em que ela conheceu uma outra apaixonada por ele.Eram da mesma turma, aí udeu mesmo, por que a outra era louca de pedra, vasculhava a vida do pobre homem, tudo na surdina.


Esse encontro não poderia dar certo e de fato não deu.Foi explosivo.As duas se lançaram numa jornada insana, descobriram tudo.Telefone, endereço, orkut e o caramba a quatro do dito cujo.Agora me digam, vocês acham que tanta informação era pra que?Ficar num caderninho jogadas, assim infrutíferas.Lógico que não, tolinhos.As duas cismaram de conhecer a casa dele, e chegando lá conheceram até a avó, uma portuguesa, que disse que ele estava a trabalhar.Nas aulas a participação era praticamente só delas.E o salafrário podia ser o que for, mas tinha carisma, até eu simpatizava muito com ele.Claro sem extravagância.Ele era o típico professor de cursinho, estrelinha toda vida.Um contador de história nato.


É Dom Henrique, foi levando no banho-maria durante dois anos, aí deu o bote.Era fim de ano, as férias se aproximavam e as duas estavam sempre juntas nas suas jornadas empreendedoras.Lugares que poderiam encontrá-lo, pessoas que poderiam conhecê-lo.Enfim, naquela euforia, quem já passou sabe como é essa aflição.Sumiram por uns tempos e depois minha amiga me telefona contando que tinha viajado com o Infante.Pra mim era tudo mentira, mas ouvi com atenção.Afinal, mesmo se fosse, ela teve muito trabalho pra montar tudo aquilo, valia a pena escutar.Pois não foi que as duas viajaram com o professor, e mais uns amigos dele.Um de nome muito engraçado, meio leguminoso.Mas por razões éticas, ainda tenho um pouco, não vou expô-lo.Viveram uma semana de intenso amor.Coisa mais linda é o amor só pelo amor.Sem cobranças aparentes.E foi assim.Tudo aconteceu num piscar de olhos pra elas, pra mim nem num piscar de olhos.


Chegou janeiro, o cabeludo cheio história some, não liga, nem atende, muito menos aparece.Filho de uma égua com a pata quebrada.As meninas já loucas se entregaram a uma loucura maior, cada uma à sua maneira.Minha amiga amava tanto que só queria saber se ele estava bem, a outra não aceitava perder, e ainda entrou numa paranóia de que podia estar perdendo ele pra ela.Fazia constantes telefonemas só pra sondar a minha amiga, que mal podia ouvir o nome dele.Mas noticia ruim não precisa procurar, vem a galope.


E o sem vergonha enfim ligou pra dizer que estava namorando uma menina de quinze anos, do segundo ano do nosso colégio.Ah! Perderam pra uma mulher mais nova (rs).Começavam as apunhaladas finais, arrasadas voltamos para nosso último e trágico terceiro ano.Nosso ano foi de correria, éramos seis meninas, e dávamos cobertura para as duas.Lá vinha o infante, Dom Henrique com sua namoradinha, feliz e cantarolando, sorrindo e acenando no pátio.E nós íamos tirá-las dali, uma verdadeira comoção pra não deixá-las ver ou ver o mínimo possível.

Quantos recreios chorosos, correrias, disse me disse e ele nem aí.No fim do ano eu ia voltando pra casa e lá estava seu carro estacionado, o mesmo que levou minhas amigas loucas por ele, pra um sonho de uma semana e pesadelo de um ano ou mais.Por que uma arrumou um namorado com o mesmo nome dele, surtou, e a outra nunca mais foi a mesma de antes. Ele que diga que não sabia, que eu vôo no pescoço dele.Esqueci, não tem pescoço.Mas digamos que o carro dele sofreu represálias, quem mandou bancar o bacana?

7 comentários:

  1. kkkkk Adorei as represálias.

    Doce Mariana, adorei tb seus comentários no Jardim, q apesar de ser Meu, faço dele um espaço público. Estou muito feliz por vc (disfarçada de Alice) é aquela mesmo q crescia e encolhia, ter caido pelas bandas de lá ;) Fique a vontade quando quiser passear pelas alamedas ou sentar-se em um banquinho.

    Vc tem um texto muito gostoso e divertido senso de humor, vou linkar seu blog no meu e vou visitar sempre, pra conheçer suas borboletas e pra não me avexar com nada rsrs.

    Bjão.

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  2. Numa palavra; Gostei.

    O texto está ótimo, redondinho, tem, como todos os seus escritos, uma levada bacana de humor, de acidez,de galhofa, de sotaque.Enfim, sua onda mesmo (explore isso).A história é boa e melhor ainda pra mim que conheci uma das protagonistas.

    O Blog em si também evoluiu bastante ,está limpo, objetivo, mais bem resolvido que o outro. É claro que uma coisinha ou outra pode ser melhorada (sempre pode), mas o caminho é esse. Bússola na mão e simbora!

    BJ

    RF.

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  3. Pois é, eu tb gostei muito de escrever esse texto, na verdade são histórias que estão intrísecas a minha vida.Então flui muito bem,quando eu as escrevo.Foi uma delícia.
    E vc sempre por perto pra dar uma força, isso é ótimo.Conto com vc e todo mundo aliás pra sugestões e orelhadas tb.

    Um beijo e volte sempre, sem se avexar.

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  4. O texto esta ótimo, adorei.... Esse romance eu conheço bem. Escreva mais historias.
    Bjos

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  5. HÁ HÁ HÁ vou te falar, vc me deu um susto danado, menos mistério da próxima vez, sem siglas por favor, sabe que esse meu coraçãozinho não aguenta nada, sou fraquinha, aviso logo.Ai, não faça mais isso comigo!Pode deixar, vou contar mais causos e é muito bom te ter por aqui no "se avexe não".Até por que vc é uma dessas pessoas que quando ninguém mais tinha coragem de estar comigo, vc tava lá, e eu lembro.

    Um beijo grande e pára de me assustar, eu repito(rs).

    Tens passe livre, Rita Lee.

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  6. Essa história está muito engraçada ( agora, né? vendo com um pouco de distância dá até pra rir um bocado!).aliás, tirando um pouco de licença poética, está muito fidedígno.As pessoas sofrem.......e o pq é a grande questão! adolescente inventa!é dífícil!é difícil quando ´"infante" é vc mesmo.

    A que amava demais!haaaaaaaaaaaaaaaa, mas eu amava mesmo!
    Vai entender.....

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  7. Salve salve, até que enfim tomou coragem mulé, pra ler seu causo.Já era hora,aliás já tinha passado da hora.E obrigada pela presença, afinal és a protagonista.Um beijo e coisa melhor está por vir, aguarde.

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